Hoje eu vi um texto que o usuário “underlap” postou em seu blog referente as utilidades sociais de um blog, no sentido de ser um lugar onde há a possibilidade de se guardar a história (da humanidade ou só de uma pessoa).

Em síntese, ele (ou ela) fala que presumir que os blogs sejam um repositório de conteúdos sobre a humanidade é um equívoco pois muito desses textos são bobagem ou estão nas mãos de corporações que, se você não paga, vão excluir a sua página, pressupondo que as informações estão em um constante risco.

Bom, ele pode estar certo no que se refere à fragilidade que os nossos dados estão nas mãos das empresas e que não deveríamos confiar em nenhuma delas. Tomemos um exemplo clássico: Google. É certo que, ao menos temporariamente eu estou falando da plataforma de navegação web deles, mas esqueçamos disso por um momento. Nessa companhia, pode-se notar diversos produtos que foram embora, morreram, sem simplesmente nem oferecerem um backup ou coisa do gênero aos dados dos seus clientes.

Google Allo, Google Stadia, Google Plus entre outros. O fato é que temos de ter noção que essas empresas (e o big G eu usei apenas como exemplo porque outras instituições passam por esse mesmo crivo) não estão nem aí para o que vai acontecer com os seus dados. Elas não querem saber com o que vai acontecer com as suas fotos, as suas memórias, as suas conversas... Isso se não for mais vantajoso para elas. Blogs nas mãos dessas empresas é, de fato, um risco. Não tem como garantir que eles vão nos respeitar.

Ok, tendo estes entendimento supracitados cravados em pedra, como faremos para preservar a história humana, quiçá o maior banco de dados que temos notícia? Fácil, com ferramentas que não estejam nas mãos dessas empresas. Vocês podem ver muito bem um exemplo prático dessa teoria aqui (não que eu pressopunha que alguém lerá isso), um blog totalmente gratuito, livre de corporações e anúncios, hospedado de maneira autônoma por alguém na França etc. Aqui, há a possibilidade da edição e criação da história humana bem umas 3x. Mas o que garante que a pessoa que mantém esse site simplesmente não desligue os servidores e mate todo o conteúdo daqui? Existem maneiras inteligentes de fazer isso, mas o ponto principal é que esse tipo de portal tem a premissa de que os dados são MEUS e que, numa eventual exclusão, eu posso simplesmente pegar meus textos aqui e migrar para uma outra plataforma. Pronto, manteríamos os conteúdos vivos. Você consegue compartilhar os seus dados do Google com a Microsoft? Você conseguiria migrar todos os seus arquivos, textos, fotos, músicas do Google Drive para o Microsoft Onedrive de maneira fácil? Creio que não.

No que se refere ao entendimento sobre o conteúdo em si, isso não dá para filtrar. De fato, pode ser um incoveniente você ser um historiador e ter que garimpar entre os lixos dos anúncios e dos scams algum texto bom que vá refletir o nosso momento como sociedade. Mas aí eu te pergunto: não seriam os anúncios e os scams reflexos da nossa própria sociedade? Digo, esses textos sem sentido e esses links duvidosos também fazem parte da nossa história. Também são o que somos e nos mostram muito bem o contexto que vivemos. O contexto do dinheiro fácil, dado uma sociedade imersa no capitalismo e na luta diária pelo seu trocado. Um contexto onde a informação pode ser deturpada e a pós-verdade é dada como um fenômeno global, desencadeada pela informação ligeira que tramita nos nossos colos e mãos. Esses são os valores dos anúncios. Esses são as histórias que nós vamos compartilhar com os nossos “eus” do futuro.

Como melhorar isso? Não há. Simplesmente faz parte da resolução humana. Todo esse fluxo, toda essa informação. Isso é uma evolução natural humana, sem precedentes em lugar algum. Contemplem, isso é o futuro. E o futuro é show de bola.